quinta-feira, 9 de julho de 2009

Intervenção :: Making of


Uma considerável parte do semestre foi dedicada ao desenvolvimento da intervenção. Após a definição dos grupos, o primeiro passo foi e escolha do local. Como já mencionado em uma postagem anterior, a área próxima ao LAGEAR, incluindo o espaço externo à EA, sob a marquise, foi o local eleito. Contudo, antes de fazermos tal decisão, pensamos muito a respeito de outra área externa, próxima a área onde se localiza o caixa eletrônico. O acesso a esse espaço era uma tanto quanto labiríntico, o que nos agradou. Porém, a ausência de tomadas e proteção contra chuva foram pontos negativos. Além disso, alunos não passam por aquele lugar, o que tornaria nossa intervenção um tanto quanto isolada.
As primeiras idéias para a intervenção já envolviam uma tenda. Contudo, esta se localizaria no vão ao lado da escada e abrigaria correntes pendentes a partir do teto. As correntes, ao serem manuseadas, emitiriam sons diversos. Tal idéia foi abandonada por representar frágil relação com o lugar, que não tinha seus vários aspectos utilizados. Uma infinidade de idéias surgiu em seguida até que, por fim, optamos por erguer a tenda na área externa.
A confecção da tenda foi bastante dispendiosa. Passamos um dia inteiro percorrendo lojas à procura dos melhores tecidos e preços. Desejávamos panos elásticos para tornarem a tenda maleável. Por isso, optamos pelo cotton preto, pela microfibra branca e pelo suplex branco. Na microfibra, seriam projetados os desenhos. Os tecidos, após terem sido comprados, foram cortados em faixas para serem costurados. Depois, levamos os tecidos para a aplicação dos ilhós. Foi então que descobrimos que tecidos elásticos não admitem ilhós. A solução foi costurar retalhos de jeans nos locais destinados aos ilhós. Tal medida contribuiu para encarecer ainda mais a montagem da tenda, já bastante cara devido aos panos comprados.
Com grande parte da tenda pronta, passamos barbantes e cordas de varal em torno da marquise, já que não podíamos perfurá-la, para sustentar ganchos relativos aos ilhós. Além disso, buchas com parafusos na parte superior da marquise também apoiaram alguns ilhós. Para fixar alguns pontos da tenda na grama, utilizamos estacas de camping.
Enfrentamos dificuldades para determinar como ficaria o ambiente interno da intervenção. Pensamos em dependurar silhuetas de edificações desenhadas e posicionar lâmpadas que projetassem a sobra dessas construções nas paredes. Contudo, a sombra acabava por ficar difusa e ininteligível. A idéia de desenhar diretamente nas paredes com durex preto foi uma excelente saída, já que tinha um resultado incrível, preenchia o espaço e era de baixo custo. Além disso, o grupo todo podia trabalhar simultaneamente, o que agilizava um processo tão delicado. Não hesito ao afirmar que foi a parte mais prazerosa de todo o trabalho, uma vez que os elogios dos transeuntes somente motivavam o grupo a prosseguir com o trabalho.







Na tentativa de unir ambientes externo e interno, passamos fios de lã do eletroduto até a eletrocalha, como um prolongamento da tenda. Entretanto, julgo que tal intenção não ficou muito clara aos visitantes. Também na parte interior, posicionamos lâmpadas laranjas que, indubitavelmente, contribuíram para a beleza do ambiente. As placas associadas à interatividade da intervenção eram outro aspecto que também atuava como elemento decorativo, visto que o contraste do preto das placas com o mármore branco resultou num belo efeito.



Durante a confecção das placas, mais uma vez, o grupo pode trabalhar unido, já que era necessário o corte de jornal, papel contact, papel alumínio, fios e montagem das placas. Não enfrentamos dificuldades nessa etapa e tudo saiu conforme o previsto, funcionando perfeitamente.





A tenda ficava “escondida” em cima da marquise durante a noite e o processo diário de suspensão da tenda era bastante chato, apesar de necessário e até mesmo prático por tratar-se de uma tenda tão pesada. No dia anterior à intervenção, uma chuva ensopou a tenda e passamos o dia da estréia lavando e secando os tecidos, para que eles ficassem livres de mau cheiro ou umidade, o que desestimularia o ingresso dos visitantes. Porém, a tenda ficou pronta a tempo. Outro problema ocorrido bem no dia da inauguração foi a queda na conexão com a internet, que também foi resolvido adequadamente.













sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ronaldo Macedo

Ronaldo Macedo é um cenógrafo e artista plástico mineiro que atua, principalmente, com a arte contemporânea. Ele é graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (1989) e mestre em Artes pela Universidade Estadual de Campinas (2001). Ronaldo Macedo trabalha com escultura, instalação, fotografia, performance e vídeo.

Na segunda "aula bônus" promovida pelos professores de Plástica e Expressão Gráfica, Ronaldo Macedo apresentou uma palestra na qual exibiu seus trabalhos. Merece destaque a vídeo-instalação Em Caixas, na qual são exibidas cenas de um homem sempre isolado em meio ao espaço cidade grande. É abordada a clausura do homem no espaço urbano.



Já a exposição Nonada, inspirada na obra de Guimarães Rosa, mostra esculturas em madeira relacionadas às carvoarias, ao Barroco mineiro e ao minimalismo.

O único aspecto negativo foi eu ter de sair da palestra pouco antes do sorteio de uma gravura do artista.

Intervenção

A proposta da intervenção era gerar, dentro da Escola de Arquitetura, um espaço que expusesse os trabalhos desenvolvidos ao longo do curso. Contudo, tal exposição não deveria limitar-se à apresentação do material em sua forma crua. Os trabalhos deveriam integrar-se ao ambiente, ou seja, ser espacializados. A interatividade e a virtualidade eram conceitos a serem abordados pela intervenção. Foi também requerida a comunicação de um grupo com outro.
O processo de execução foi árduo, mas recompensador. A convivência com os colegas do grupo definitivamente tornou a atividade mais prazerosa.
A abertura das intervenções, no dia 8 de junho, foi um sucesso e fiquei muito satisfeita com os resultados dos colegas e com o do meu grupo também.
Nossa intervenção, nomeada In Jogo, estabeleceu-se na área próxima ao LAGEAR, incluindo o espaço externo à EA, sob a marquise. Nesta região, erguemos uma tenda com dupla camada de tecido: a externa constituía uma fachada e escondia a interna, que não estava armada, mas caída, de modo a obter forma com o ingresso de visitantes. Desenhos eram rpojetados sobre a parte final da tenda, podendo ser fisicamente deformados pela manipulação do tecido e digitalmente alterados pelo pisar em placas espalhadas no ambiente interno.
A intervenção poderá ser melhor compreendida a partir do caderno técnico e do site.
As fotos abaixo mostram um pouco do trabalho:





Segue o código desenvolvido no Processing:

import fullscreen.*;
import processing.net.*;
import ddf.minim.*;
import ddf.minim.signals.*;
Client cl;
int inString;
String data;
int y;

FullScreen fs;

Minim minim;
AudioSnippet sn;
AudioSnippet sn2;
AudioSnippet sn3;
AudioSnippet sn4;
AudioSnippet sn5;
AudioSnippet sn6;
AudioSnippet sn7;
AudioSnippet sn8;
AudioSnippet sn9;
AudioSnippet sn10;
AudioSnippet sn11;
AudioSnippet sn12;
AudioSnippet sn13;
AudioSnippet sn14;
AudioSnippet sn15;
AudioSnippet sn16;
AudioSnippet sn17;
AudioSnippet sn18;
AudioSnippet sn19;
AudioSnippet sn20;
int x=0;
PImage b;
PImage f;
PImage g;
PImage h;
PImage i;
PImage j;
PImage k;
PImage l;
PImage m;
PImage n;
PImage el;
float c;
float al;
int d;
float e;
float v;

void setup()
{
size(1024,768);
background(255);
cl = new Client(this, "150.164.107.40", 5204);
fs = new FullScreen(this);
fs.enter();

minim = new Minim(this);
sn = minim.loadSnippet("1.1.mp3");
sn.loop();
sn2 = minim.loadSnippet("1.2.mp3");
sn2.loop();
sn3 = minim.loadSnippet("2.1.mp3");
sn4 = minim.loadSnippet("2.2.mp3");
sn5 = minim.loadSnippet("3.1.mp3");
sn6 = minim.loadSnippet("3.2.mp3");
sn7 = minim.loadSnippet("4.1.mp3");
sn8 = minim.loadSnippet("4.2.mp3");
sn9 = minim.loadSnippet("5.1.mp3");
sn10 = minim.loadSnippet("5.2.mp3");
sn11 = minim.loadSnippet("6.1.mp3");
sn12 = minim.loadSnippet("6.2.mp3");
sn13 = minim.loadSnippet("7.1.mp3");
sn14 = minim.loadSnippet("7.2.mp3");
sn15 = minim.loadSnippet("8.1.mp3");
sn16 = minim.loadSnippet("8.2.mp3");
sn17 = minim.loadSnippet("9.1.mp3");
sn18 = minim.loadSnippet("9.2.mp3");
sn19 = minim.loadSnippet("10.1.mp3");
sn20 = minim.loadSnippet("10.2.mp3");
b = loadImage("1.JPG");
f = loadImage("2.JPG");
g = loadImage("3.jpg");
h = loadImage("4.jpg");
i = loadImage("5.jpg");
j = loadImage("6.jpg");
k = loadImage("7.jpg");
l= loadImage("8.jpg");
m = loadImage("9.jpg");
n = loadImage("10.jpg");
el = loadImage("elevador.png");

}

void mouseClicked(){
if(x<=8){
x++;
}
else {
x=0;
}
}

void draw()
{
if (keyPressed) {
if (key == 'e' || key == 'E') {
c=1.9;
e=6;
d=255;
}else if (key == 'd' || key == 'D') {
c=1.6;
e=2;
d=200;
}else if (key == 'c' || key == 'C') {
c=1.3;
e=0;
d=175;
}else if (key == 'r' || key == 'R') {
c=1;
e=-5;
d=90;
}else if (key == 'f' || key == 'F') {
d=0;
e=-10;
}else if (key == 'v' || key == 'V') {
d=75;
e=-15;
}else if (key == '5' || key == '%') {
c=1;
d=75;
e=-20;
}else if (key == 'u' || key == 'U') {
al=1;
d=170;
v=-20;
}else if (key == 'j' || key == 'J') {
al=1.3;
v=-15;
}else if (key == 'm' || key == 'M') {
al=1.6;
d=255;
v=-10;
}else if (key == '6' || key == '¨') {
al=1.9;
d=175;
v=-3;
}else if (key == 'i' || key == 'I') {
d=75;
v=2;
}else if (key == 'k' || key == 'K') {
d=0;
v=6;
}
}

sn.setGain(v);
sn3.setGain(v);
sn5.setGain(v);
sn7.setGain(v);
sn9.setGain(v);
sn11.setGain(v);
sn13.setGain(v);
sn15.setGain(v);
sn17.setGain(v);
sn19.setGain(v);
sn2.setGain(e);
sn4.setGain(e);
sn6.setGain(e);
sn8.setGain(e);
sn10.setGain(e);
sn12.setGain(e);
sn14.setGain(e);
sn16.setGain(e);
sn18.setGain(e);
sn20.setGain(e);
sn.setBalance(1);
sn3.setBalance(1);
sn5.setBalance(1);
sn7.setBalance(1);
sn9.setBalance(1);
sn11.setBalance(1);
sn13.setBalance(1);
sn15.setBalance(1);
sn17.setBalance(1);
sn19.setBalance(1);
sn2.setBalance(-1);
sn4.setBalance(-1);
sn6.setBalance(-1);
sn8.setBalance(-1);
sn10.setBalance(-1);
sn12.setBalance(-1);
sn14.setBalance(-1);
sn16.setBalance(-1);
sn18.setBalance(-1);
sn20.setBalance(-1);


fill(255,d,0);
rect(0,0,width,height);
imageMode(CENTER);
tint(255, d,0);

if (x==0) {
sn19.pause();
sn20.pause();
sn3.loop();
sn4.loop();
image(b, width/2, height/2,b.width*c,b.height*al);
}else if(x==1){
sn.pause();
sn2.pause();
sn5.loop();
sn6.loop();
image(f, width/2, height/2,f.width*c,f.height*al);
}else if(x==2){
sn3.pause();
sn4.pause();
sn7.loop();
sn8.loop();
image(g, width/2, height/2,g.width*c,g.height*al);
}else if(x==3){
sn5.pause();
sn6.pause();
sn9.loop();
sn10.loop();
image(h, width/2, height/2,h.width*c,h.height*al);
}else if(x==4){
sn7.pause();
sn8.pause();
sn11.loop();
sn12.loop();
image(i, width/2, height/2,i.width*c,i.height*al);
}else if(x==5){
sn9.pause();
sn10.pause();
sn13.loop();
sn14.loop();
image(j, width/2, height/2,j.width*c,j.height*al);
}else if(x==6){
sn11.pause();
sn12.pause();
sn15.loop();
sn16.loop();
image(k, width/2, height/2,k.width*c,k.height*al);
}else if(x==7){
sn13.pause();
sn14.pause();
sn17.loop();
sn18.loop();
image(l, width/2, height/2,l.width*c,l.height*al);
}else if(x==8){
sn15.pause();
sn16.pause();
sn19.loop();
sn20.loop();
image(m, width/2, height/2,m.width*c,m.height*al);
}else if(x==9){
sn17.pause();
sn18.pause();
sn.loop();
sn2.loop();
image(n, width/2, height/2,n.width*c,n.height*al);
}
if (y==1){
image(el,width/2,height/2);}
else {
if (x==0) {
image(b, width/2, height/2,b.width*c,b.height*al);
}else if(x==1){
image(f, width/2, height/2,f.width*c,f.height*al);
}else if(x==2){
image(g, width/2, height/2,g.width*c,g.height*al);
}else if(x==3){
image(h, width/2, height/2,h.width*c,h.height*al);
}else if(x==4){
image(i, width/2, height/2,i.width*c,i.height*al);
}else if(x==5){
image(j, width/2, height/2,j.width*c,j.height*al);
}else if(x==6){
image(k, width/2, height/2,k.width*c,k.height*al);
}else if(x==7){
image(l, width/2, height/2,l.width*c,l.height*al);
}else if(x==8){
image(m, width/2, height/2,m.width*c,m.height*al);
}else if(x==9){
image(n, width/2, height/2,n.width*c,n.height*al);
}
}

if (cl.available() > 0) {
inString = cl.read();
println(inString);
if(inString==50){
y=1;
v=6;
e=6;
}
else if (inString==100){
y=2;
e=-13;
v=-13;
}
}
}

sábado, 16 de maio de 2009

Sobre Inhotim

Eu nunca havia visitado Inhotim, mas sempre ouvira excelentes comentários a respeito do lugar.
Crei uma enorme expectativa sobre da visita realizada dia 8 de maio e, ao chegar lá, fui plenamente correspondida. A paisagem é de tirar o fôlego e as obras expostas são incríveis. A companhia dos colegas, indubitavelmente, contribuiu para que o passeio fosse mais prazeroso e instrutivo, afinal, compartilhamos opiniões sobre tudo o que vimos. Pretendo regressar o mais breve possível.
A primeira galeria visitada foi a de Doris Salcedo. Permaneci nela, junto aos colegas do grupo da intervenão, por cerca de uma hora. Foi uma experiência extremamente rica e recompensadora. Nunca havia contemplado por tanto tempo uma mesma obra e, após a insistência dos professores nesse sentido, me surpreendi com o quão válido é tal procedimento. É somente após algum tempo que nos aprofundamos na leitura da instalação, partindo da primeira impressão para descobrirmos novas interpretações. A primeira sensação transmitida pela instalação, chamada Neither foi de vertigem, que intensificou-se à medida que me aproximei das paredes (atitude tomada por todos do grupo). Telas de ferro e gesso cobrem todas as paredes da galeria. Obsrevamos que nada na instalação parece estimular a permanência do visitante: o espaço é amplo e vazio, a iluminação é fria e há um padrão da grade na parede que se torna exaustivo com o passar do tempo. O nome da obra, uma expressão negativa, igualmente parece ser restritivo, pouco convidativo. Associamos o lugar a uma gaiola e ficamos sabendo que Doris Salcedo realmente prentendeu relacioná-lo aos campos de concentração. Daí, então, deriva o incômodo que o ambiente desperta.
Do mesmo modo, despendemos um bom tempo com a instalação Através, na Galeria Cildo Meireles. Isso se deveu, principalmente, à atenção do guia, que nos explicou inúmeras leituras da obra (próprias, de outros espectadores e de Cildo Meireles). Ele nos mostrou como os cacos de vidro no chão parecem mais assustadores do que realmente são quando entramos em contato com os mesmos, associando essa impressão ao fato de que, às vezes, pensamos que um problema é muito pior do que ele realmente é até que lidamos com ele. Além disso, ele nos mostrou como, do lado de fora da instalação, a bola de papel celofone parece mais iluminada do que realmente está. À essa constatação, aludem as ambições de cada pessoa: sonhamos com algo que, após conquistado, se mostra menos extraordinário do que nos parecia. Durante o processo da conquista (chegada à bola central) é que percorremos os obstáculos (cacos de vidro e barreiras). Ainda segundo o guia, Cildo Meireles teria tido a idéia de criar a bola central da instalação após desembalar uma bala, amassar seu embrulho e jogá-lo no chão; o barulho dos cacos de vidro sendo pisado aproximariam-se, então, do som do papel da bala sendo amassado. Esse guia nos contou que seu fascínio pela arte contemporânea é devido ao fato de que ela admite infinitas leituras; se um visitante fala que os cacos de vidro são o mar, então eles realmente o podem ser.
Dentre as obras que mencionei na postagem anterior sobre Inhotim, Desvio para o vermelho havia sido temporariamente removida para outra exposição.
Nave Deusa, de Ernesto Neto, devido às normas do lugar, não podia ser percorrida pelo visitante, como era desejado pelo artista, o que acabou por limitar um pouco o envolvimeto com a obra.
Forty Part Motet realmente comoveu-me. É belíssimo o canto, e a capacidade de enternecimento é admirável.
Também posiciona-se entre minhas obras prediletas o vídeo Air Cushioned Ride, de Anri Sala. O ermo que reúne e desagrega transmite-me uma deliciosa sensação de liberdade, capacidade de alcançar novos e surpreendentes destinos e conhecer pessoas das mais diversas origens.
"Alguns lugares não guardam edifícios ou datas a serem lembrados, mas produzem sua própria trilha sonora." Frase retirada das anotações de Anri Sala.

Análise dos objetos interativos

Durante a aula de Plástica e Expressão Gráfica do dia 15 de maio, separamo-nos em trios para analisar os objetos de um outro trio. Meu grupo integrou, também, as colegas Cibele e Lívia. Analisamos os objetos dos colegas João, Rafael Gil e Sandro.

O objeto do Rafael Gil é composto por dois cubos, revestidos por uma textura metálica, que se unem através de velcros.
Um som é acionado quando se conecta um cubo ao outro, por isso a importância dos velcros, que induzem o usuário a, justamente, juntá-los; e, à medida que a pessoa movimenta o objeto, ela varia a resistência do circuito, alterando o som.
O objeto tem um tamanho bom para ser manuseado, porém sua forma distoa da maleabilidade proposta pelo movimento necessário para seu funcionamento, e também da ideia de virtualidade, já que é fixa.
O objeto é interativo, e virtual no sentido de ser aberto à ação e ao controle da pessoa que o manipula, completando seu significado somente no processo de uso; e de seus resultados não serem totalmente pré-determinados pelo autor.



O objeto do João Victor é composto por quatro tubos de PVC de diferentes tamanhos, uma mangueira e quatro bolinhas de alumínio.
Ao soprar no interior da mangueira, as bolinhas fecham um circuito cujo output é o acionamento de LEDS de cores diferentes;
cada tubo possui, em sua extremidade, um LED.
O uso do objeto é explicitado pela sua forma, que remete a uma flauta ou cachimbo.
No entanto, o resultado é imprevisível: o usuário, em um primeiro momento, é surpreendido pelo acender das luzes e é incapaz de controlar esse acendimento.
A possibilidade de reverter o uso do objeto é também muito interessante: se ele for virado para baixo, o input, agora, passa a ser o sugar.
A virtualidade consiste na necessidade de um usuário para que seu sentido seja completo.
Por um outro lado, a questão higiênica precisa ser resolvida.

O objeto do Sandro é constituído por um dodecaedro de acrílico, que abriga um circuito responsável pelo acionamento de LEDs.
O fato da forma do objeto, um poliedro, não ser convencional, o torna convidativo. Tal fato é reforçado pela bela aparência do objeto como um todo, além de sua leveza.
O toque nas faces do objeto propicia o acendimento das luzes e, à medida que ocorre o manuseio, há uma gradação bem sutil das cores, como uma espécie de resposta analógica. Daí deriva a interatividade requisitada.
A transparência do objeto auxilia a difusão da luz por toda sua extensão. Assim, a cor domina a forma, o que altera o aspecto do objeto.
A virtualidade reside no fato de que, por si só, o objeto não faz sentido, exigindo um usuário em constante interação.

domingo, 10 de maio de 2009

Processing #2














int x;

void setup() {
size(700, 650, P3D);
smooth();
}

void draw() {
translate(width/2 + 10, width/2, -mouseX*20);
rotate(x);
fill (mouseX,157 ,mouseY, 75);
noStroke();
colorMode(HSB, 100); //HSB corresponde à matiz, saturação e brilho
for (int a = 0; a < 100; a++) { //a++ equivale a operação a=a+1
for (int b = 0; b < 100; b++) {
stroke(a, b, 100);
point(a, b);
}
}
rect(width/2, width/4, 40, x++);
}

void mousePressed() {
background(255, mouseY, mouseX );
}

quinta-feira, 7 de maio de 2009

RESENHA DA EXPOSIÇÃO ARTE CIBERNÉTICA – MUSEU INIMÁ DE PAULA



Este estudo pretende analisar a exposição "Arte Cibernética", que está em cartaz no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte, do dia 16 de abril ao dia 13 de junho de 2009.

A exposição tem curadoria de Júlio Martins e tem como artistas participantes: Regina Silveira, Raquel Kogan, Rejane Cantoni, Daniela Kutschat, Christa Sommerer, Laurent Mignonneau, Camille Utterback, Romy Achituv, Michel Bret, Edmond Couchot, Eder Santos e o coletivo de artistas belgas LAb[au]. Reúne oito obras do acervo de arte e tecnologia do Itaú Cultural.

A obra “Life Writer”, de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau, consiste em uma máquina de escrever que produz seres com aparência insetívora. Trata-se de uma projeção na folha do papel. É o usuário quem dá vida aos seres à medida que datilografa. É possivel, inclusive, esmagar seres já criados.



“Pixflow 2”, do coletivo LAb[au], é uma escultura que, por meio de displays, mostra partículas fluindo em movimentos inesperados. Não há a palpável interação exigida por outras obras, mas o comportamento imprevisível desse artefato é o fator que incita o observar mais atento.



“Descendo a Escada”, de Regina Silveira, resume-se como uma escada virtual que transmite ao público a sensação da descida. Contudo, é o espectador quem deve adequar seus passos à projeção, o que acaba por torná-la menos verossímel e impactante.



“Reflexão #3”, de Raquel Kogan, é composta por vários números projetados na parede e refletidos em um espelho d’água. Os números movem-se com velocidade determinada pelos visitantes. A obra não chega a ser um motivo de pasmo.



“Text Rain”, de Camille Utterback e Romy Achituv, apresenta-se sob a forma de letras que caem como gotas de chuva. As letras interagem com a projeção da silhueta corporal do espectador, em acordo com seus respectivos movimentos. Corpos distintos e suas variadas ações conduzem a resultados artísticos igualmente diversos. Versos de um poema podem ser formados se letras suficientes forem agrupadas ao longo de um contorno. O aspecto arrebatador é incontestável.



“OP_ERA: Sonic Dimension”, de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat, é uma espécie de harpa virtual que pode ser tocada pelo participante. A música, ainda que em timbres menos convencionais, sempre comove, sendo um elemento capaz de despertar o desejo de comprometimento com a obra.



“Memória (Cristaleira)”, de Eder Santos, exibe imagens projetadas e fragmentadas em meio a cristais e porcelanas. A platéia restringe-se à meditação, o que rompe o ritmo da exposição, na qual estímulos devem sempre atuar sobre as obras.



“Les Pissenlits”, de Edmond Couchot e Michel Bret, envolve a dispersão de sementes de dente-de-leão a partir do sopro do observador. Os efeitos finais dependem da intensidade e duração do sopro, o que incentiva o visitante a buscar resultados distintos, prolongando o tempo de interação com a obra.



A exposição foca as expressões artísticas agregadas à tecnologia. A interação com o público é presente na maioria das obras, o que leva a um maior envolvimento dos espectadores, que "criam" sobre as criações alheias. Ao contrário da pura contemplação verificada nos museus tradicionais, a influência recíproca entre visitante e arte é essencial para que o propósito último dessas obras seja alcançado, de onde provém a singularidade das mesmas.

Isadora de Castro Silva, acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Objeto Interativo II :: Entrega Final


Na fase de pré-entrega, um tubo de pvc revestido com plástico metálico dava forma ao corpo cilíndrico do objeto. As flores eram de papel metálico e plástico rígido. Não havia um suporte que pemitisse ao objeto existir por ele mesmo, ou seja, dispensar que uma pessoa o segurasse.
A solução para o acabamento foi compor uma estrutura de ferro: apoiado sobre um tripé está o cilindro, que abriga o circuito elétrico. Dentro do cilindro, próximo ao topo, há um apoio horizontal que sustenta as duas flores. A estrutura recebeu, além do zarcão, várias demãos de tinta prateada. Alto falantes posicionam-se no centro das flores. As raízes são sugeridas por fios caídos que partem do interior do cilindro. Os fios têm, em suas extremidades, porcas e um prego associados.
O circuito foi elaborado de forma tal que soldas de fios nas diferentes partes relativas às notas musicais e na parte que origina o fio terra permitem a produção de oito notas distintas a partir do contato do prego com as porcas.
A cor prateada objetiva evidenciar o aspecto high-tech desse bouquet, já sugerido pelos alto falantes e fios aparentes com porcas e prego, pelo ferro e pela forma rígida de um elemento natural tão delicado. Ao explorar a flor, pretendi conferir a mesma a capacidade de estimular, entre outros aspectos, a audição: único sentido que flores naturais não despertam. O tripé remete também a foguetes, outro componente tecnológico.
A interatividade reside na possibilidade de determinar os sons a serem emitidos, sendo que um dó, eventualmente, aciona-se sozinho, já que movimentos leves no fio respectivo são suficientes para fechar o contato que leva à emissão do som. Posso tocar nota por nota ou sacudir e mexer no objeto sem saber quais sons sairão. Contatos acidentais podem produzir barulhos inesperados. É a parte flexível da estrutura (fios) que conduz aos efeitos sonoros, o que pretende sinalizar mais claramente as possibilidades de usos do objeto.
Há duas flores (dois alto falantes) para indeterminar a frente do objeto e ampliar suas formas de posicionamento.
Segue um curto vídeo mostrando o objeto em uso:

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Processing #1



No meu primeiro contato com o Processing, criei uma imagem que, inicialmente, deveria relacionar-se às estrelas. Contudo, durante a montagem, eu estabelecia diferentes associações a cada vez que olhava para a figura , o que me agradou. Resolvi, então, explorar essa lado menos figurativo.

size(410, 220); // cria uma janela de 410 x 220
background(0); // fundo da tela preto
noStroke(); // não exibir a linha de borda dos objetos
smooth();
fill(5,37,237,191); // enchimento c/ opacidade
ellipse(7*width/8, 7*height/8, 25, 25); // desenhar uma elipse
fill(60,70,140);
quad(18, 28, 160, 0, 115, 80, 15, 140);
fill(99,114,209,79);
quad(38, 31, 140, 7, 110, 73, 20, 130);
fill(149,249,252,191);
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segunda-feira, 4 de maio de 2009

RESENHA DO TEXTO “DESIGN: OBSTÁCULO PARA A REMOÇÃO DE OBSTÁCULOS?”

FLUSSER, Vilém. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naif, 2007. Design: obstáculo para a remoção de obstáculos? p.194-198.

Vilém Flusser foi um filósofo nascido em Praga em 1920. Ele estudou filosofia na Universidade Carolina de Praga e deu continuidade aos estudos na London School of Economics and Political Science, sem, contudo, finalizá-los, sendo considerado um autodidata. Emigrou para o Brasil em 1940, participando do Instituto Brasileiro de Filosofia a partir de 1950. Em 1960, recebeu o título de professor “por notório saber” da Universidade de São Paulo. Flusser retornou à Europa em 1972, onde faleceu em 1991.
Flusser, em "Design: obstáculo para a remoção de obstáculos?", classifica os objetos de uso como obstáculos aos quais recorro para afastar outros objetos enfrentados e a cultura como a totalidade dos objetos de uso. Assim, em meu caminho, supero barreiras com projetos, designs, que se converterão em novas obstruções para um outrem. “Em outras palavras, quanto mais prossigo, mais a cultura se torna objetiva, objetal e problemática.” Logo, projetos devem ser configurados de forma a suavizar os estorvos e auxiliar o caminhar das próximas pessoas.
Tendo sido projetados por outros homens, os objetos de uso constituem-se como uma mediação entre mim e esses outros homens, possuindo, além do caráter objetivo, um aspecto dialógico, o qual deveria ser realçado. Para tanto, menciona-se que a configuração do objeto permeia a questão da responsabilidade, que é a “decisão de responder por outros homens”, e a opção por responder pela própria criação salientaria a propriedade dialógica e intersubjetiva do design.
Já a criação irresponsável, considerada predominante na cultura, concentra-se unicamente no objeto, “encolhendo o espaço da liberdade na cultura”. A produção de objetos cada vez mais úteis condiciona o progresso técnico, em detrimento do avanço responsável, voltado aos outros homens, que passa a ser entendido como retrógrado.
Por fim, objetos imateriais, como redes de comunicação e programas de computador, são apontados como um possível passo em direção aos projetos responsáveis, na medida em que a ausência de matéria permite que se visualize melhor sua face dialógica e os homens por trás do objeto. É abordada, também, a maior consciência da efemeridade das criações que, depois de descartadas, igualmente impedem o caminho. Desse modo, indica-se a viabilidade de um futuro detentor de uma cultura mais livre, na qual os objetos de uso sinalizam menos obstáculos e mais vínculos entre os homens.
Percebo que o texto de Flusser, escrito há cerca de 30 anos, aplica-se corretamente ao cenário atual, no que tange os problemas e responsabilidades dos designers. A conformação da sociedade é regrada pelos níveis de domínio e poder, e isso se prolonga ao design, conduzindo à necessidade de controle do produto pelo criador. Assim, não há chance de abertura às pessoas.
Concordo que o grande avanço tecnológico deriva da elaboração de objetos de uso específico. Contudo, não se nota progresso igual que leve a uma maior variabilidade na aplicação de um objeto. Almeja-se um projeto perfeito para certa condição, quando a ambição maior deveria ser um projeto que admita que diferentes pessoas o adequem a diferentes situações.
Toda essa argumentação dialoga com Herman Hertzeberger que, em sua obra, Lições de Arquitetura, defende as “formas convidativas”, apropriadas aos diversos contextos que possam surgir e aos distintos seres integrantes dos mesmos. Essas formas acomodariam diferentes interpretações, o que caracteriza a abertura solicitada por Flusser.
Porém, não basta a elaboração de um projeto inacabado para que se atinja o design responsável, capaz de receber leituras variadas. Isso pode resultar em um projeto vazio de qualquer significado ou orientação para a determinação de um uso, o que é indesejado. As estratégias adotadas pelo designer não devem ser inteiramente direcionadas e nem completamente livres. As aplicações do objeto devem ser menos previsíveis, mas não vislumbro como algo factível a elaboração de um objeto isento de qualquer característica determinada.
Flusser sinaliza, com grande clareza e coerência, a importância da criação responsável para a cultura livre, e isso é essencial para que se rompa com o design de produtos de aplicação única, que atulham o espaço circundante. O caminho, então, seria o design de meios que conduzam a elaboração de diferentes objetos finais.

Isadora de Castro Silva, acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

domingo, 26 de abril de 2009

Inhotim

O Centro de Arte Contemporânea de Inhotim - CACI - abriga um rico acervo artístico contemporâneo em meio a uma belíssima paisagem, permeada por 35 hectares de jardins projetados pelo paisagista Roberto Burle Marx.
Trilhas guiam os visitantes às galerias de arte, espalhadas entre a vegetação.
Há dez pavilhões, sendo cinco dedicados a quatro artistas: os brasileiros Adriana Varejão, Cildo Meireles e Tunga (possui dois pavilhões), e a colombiana Doris Salcedo.
Nos outros pavilhões, encontram-se obras de inúmeros outros artistas, entre os quais estão Vik Muniz, Zhang Huan e Hélio Oiticica.
A conscientização ecológica e cultural também é uma preocupação do CACI, que promove ações educativas, como visitas escolares, que interligam pessoas variadas ao museu.
No dia 8 de maio, visitarei o lugar e, então, poderei apreciar as exposições e o cenário.
Seguem fotos do Inhotim para um vislumbre prévio:

Detalhe do jardim


Parque tropical


Desvio para o vermelho, Cildo Meireles, 1967-84, Foto: Pedro Motta

A obra "Desvio para o vermelho" é formada por três ambientes articulados entre si. No primeiro deles (Impregnação), há diversos objetos de diferentes tons de vermelho. "Nos ambientes seguintes, Entorno e Desvio, têm lugar o que o artista chama de explicações anedóticas para o mesmo fenômeno da primeira sala, em que a cor satura a matéria, se transformando em matéria. Aberta a uma série de simbolismos e metáforas, desde a violência do sangue até conotações ideológicas, o que interessa ao artista nesta obra é oferecer uma seqüência de impactos sensoriais e psicológicos ao espectador: uma série de falsas lógicas que nos devolvem sempre a um mesmo ponto de partida."

A foto, por si só, já causa grande comoção. O vermelho suscita relações de semelhança diversas e, ao ser difundido por todo um ambiente, creio que o abalo provocado no espectador é muito maior. O excesso sempre perturba, e a obra de Cildo Meireles não foge de tal regra geral.

Em termos físico, o desvio para o vermelho é uma medida da velocidade causada pela expansão do universo - uma galáxia com um desvio para o vermelho grande estará a uma distância maior que uma galáxia com um pequeno desvio para o vermelho. Não sei se Cildo Meireles levou tal conceito em consideração, mas julgo bastante válido mencioná-lo visto que a obra, estando bastante "desviada para o vermelho", posicionaria-se longe do planeta Terra. Em outras palavras, talvez Cildo buscasse um ambiente distante dos usualmente encontrados, o que foi atingido.


Adriana Varejão, Celacanto Provoca Maremoto, 2004 - 2008, óleo e gesso sobre tela, 110 X 110 cm cada, 184 peças, foto: Vicente de Mello

"A obra de Adriana Varejão promove uma articulação entre pintura, escultura e arquitetura, revisitando elementos e referências históricos e culturais. (...)A obra Celacanto provoca maremoto (2004-2008) vale-se do barroco e da azulejaria portuguesa como principais referências históricas, mas também da própria história colonial que une Portugal e Brasil: afinal de contas aqui estamos nos domínios do mar, o grande elemento de ligação entre velho e novo mundos no período das grandes navegações. Colocados nos painéis formando um grid, os azulejões fazem referência à maneira desordenada e casual com a qual são repostos os azulejos quebrados dos antigos painéis barrocos. Assim, o maremoto e as feições angelicais impressas nas pinturas formam esta calculada arquitetura do caos, com modulações cromáticas e compositivas, remetendo à cadência entre ritmo e melodia."

A contrário do vermelho de Cildo Meireles, o azul de Adriana Varejão me transmite uma agradável sensação de tranquilidade, apesar da "refrência à desordem".
A superfície da obra, contudo, é realmente acidentada e dotada de fissuras marcadas. Adriana afirma que, com isso, visa "recriar fisicamente o azulejo". Ainda segundo ela, "A superfície craquelada cria texturas diferentes de acordo com a maneira como racha. Parecem escamas. Esse trabalho fala sobretudo do mar na arrebentação. O lugar onde as ondas quebram e as conchas se partem."

A inscrição "Celacanto provoca maremoto" foi popular nos anos 70, sob a forma de pichações nos muros do Rio de Janeiro e depois de todo o país. A enigmática frase despertou o interesse da imprensa, sendo divulgada em revistas e jornais. Durante esse período, Adriana Varejão era uma adolescente e também ficou impressionada com o grafismo presente em todos os lugares do Rio de Janeiro. Era o período da ditadura militar e muitos pensavam que a frase poderia ter teor revolucionário. Por fim, descobriu-se que um jovem de 17 anos fora o criador dos grafites, inspirado em um episódio de "National Kid".


Janet Cardiff, Forty Part Motet, 2001, instalação sonora em 40 canais, com duração de 14’7’’, cantada pelo coro da catedral de Salisbury, dimensões variáveis, foto: Pedro Motta

Na obra Forty part motet, da canadense Janet Cardiff, cada uma das 40 caixas de som reproduz a voz de um cantor do coral da Catedral de Salisbury, "o que permite ao espectador ouvir as diferentes vozes e perceber as diferentes combinações e harmonias à medida que percorre a instalação."

A música sensibiliza-me mais do que a maioria dos outros recursos sensoriais. Então, guardo grande expectativa em relação a essa obra, que deve envolver-me profundamente.


Ernesto Neto, Nave Deusa, tule de lycra, areia, cravo da índia e isopor, 500 x 950 x 690 cm, 1998. Foto: Tibério França

A escultura de Neto pode ser pecorrida pelo visitante. Ele, assim, cria um espaço dentro de outro espaço. A transparência da lycra relativiza os conceitos de interior e exterior, o que, fatalmente, me remete a Hertzberger.


Damián Ortega, Puente, 1997, cadeiras de madeira e palha, corda de sisal, 214 x 374 x 45 cm, Foto: Tibério França

As cadeiras amontoadas constroem uma ponte. Tal obra me lembra da aula de Plástica na qual fomos solicitados a construir objetos usando materiais da sala e todos os grupos acabaram por criar ambientes. Nesse caso, considero que Ortega atende bem aos dois lados, já que a ponte é um objeto, mas, ao dar passagem, constitui-se como um ambiente.


Olafur Eliasson, Viewing Machine, 2001, Aço inoxidável e metal, 190 x 530 cm, foto: Pedro Motta

Inspirada no funcionamento do caleidoscópio, essa obra deve ser manuseada pelo espectador, que, apontando-a para determinado lugar, passa a ver variadas formas. Cada visitante, desse modo, pode ter uma experiência disttinta. A escultura atende perfeitamente aos requisitos do objeto interativo, não?

Objeto Interativo II :: Pré-entrega



Uma parte bem árdua foi concluída: a elaboração do circuito.
Após descobrir que a placa-mãe recebera uma resina (indesejada) que impede novas soldagens, tentei, de todas as formas, unir os fios às partes referentes às notas musicais, já que a remoção da resina exigia sopradores térmicos que não fui capaz de achar na cidade. Após insistir com a solda, executei testes que envolviam desde fitas isolantes até cola quente.
Contudo, a delicadeza e pequenez do circuito inviabilizavam a permanência dos fios nos contatos desejados. Assim, ocorreu-me furar o circuito e executar a solda no restrito espaço liberado. Felizmente, tudo funcionou conforme o ambicionado.
Assim, há o fio terra (prego) que, em contato com os outros oito fios (porcas), deriva na produção de oito notas distintas.

domingo, 5 de abril de 2009

Objeto Interativo

Lygia Clark é uma artista belorizontina que inovou a arte contemporânea, aproximando-a da terapia psicológica. Ela preferia intitular-se como "propositora" a ser chamada de artista.
Em 1959, criou o neoconcretismo, objetivando fundamentar um novo abstracionismo na arte nacional.
Lygia envolveu-se com a pintura, mas eu gostaria de destacar seus "objetos sensoriais", que eram manuseáveis.
Seus trablahos deveriam ser manipulados pelos espectadores, sensibilizando-os e liberando a imaginação.
A artista chamou de Bichos chapas de metal articuladas, que assumiam diferentes formas após a manipulação do publico.

Segue o vídeo de um dos Bichos.


A partir de uma placa fotossensível associada a um dispositivo musical, elaborei o circuito elétrico para uma caixa de música.
Ao abrir a tampa, a placa fica exposta à luz, o que conduz à execução da música.
Contudo, o revestimento aplicado sobre a caixa não bloqueia completamente a passagem de luz. Então, mesmo com a caixa fechada, a música continua tocando em um ambiente iluminado.
Os domínós são uma sugestão para interromper a música, se isso for desejado: basta colocar uma peça de dominó sobre a placa.
Assim, é possível manter a caixa aberta ou fechada, com ou sem música.
A vontade do usuário determina o funcionamento do objeto.
Relacionando tal projeto às lições de Hertzberger, podemos considerar a caixinha como a urdidura que viabiliza o traçado de diferentes tramas. Diversos objetos podem ser guardados e, o dominó, por si só, proporciona distintas brincadeiras.
A caixa já possui sua identidade primária de depósito e ornamento, porém o que depositaremos e o modo como o faremos abre espaço para uma polivalência.

Museu das Telecomunicações :: Oi Futuro II







Para explorar o SketchUp mais um pouquinho, crei um novo objeto relacionado ao Museu das Telecomunicações.
A forma afunilada dialoga com a convergência de informações, as quais derivam de diferentes níveis.
As várias esferas simbolizam a efervescência de dados, dispersos em todas as direções.
O revestimento da estrutura principal mescla fotos do museu: os cartões telefônicos representam o acesso aos instrumentos de telecomunicação, os pontos de luz referem-se aos fios e demais meios de transmissão, ao passo que os telefones são o símbolo máximo da comunicação.
O fundo em tons quentes expressa o "calor" do intenso contato entre os homens. O "chão" alaranjado faz alusão ao interior da Terra, indicando que as informações transmitidas podem ser oriundas da parte mais profunda de um indivíduo.

terça-feira, 31 de março de 2009

Museu das Telecomunicações :: Oi Futuro



Conhecer a história das telecomunicações pode ser algo bem menos enfadonho do que parece, fato comprovado no Espaço Oi Futuro. Os recursos expositivos empregados envolvem o visitante e permitem que ele percorra o museu da maneira que quiser e no tempo que tiver. O conceito de "hipertexto" aplicado no local consiste na reunião de "camadas de informação superpostas em vídeos que se abrem em janelas de imagens e fotografias".

É possível perceber o avanço tecnológico através de experiências sensoriais únicas.
Para comunicar-se mais e melhor, o homem superou barreiras do espaço e do tempo, e, até hoje, surpeendo-me com a capacidade inventiva humana.
Outra pessoa que não conteve seu espanto foi D. Pedro II: ao conhecer a invenção que Graham Bell apresentava na feira da Filadélfia (EUA), o Imperador do Brasil exclamou "Meu Deus, isto fala!".
A invenção não era nada menos que o telefone.



A Linha do Tempo narra a história das comunicações desde as inscrições rupestres até a aldeia global do séc. XXI. Ousadia e criatividade são traços evidenciados nos passos dos homens.



Com o SketchUp, tentei "expressar minhas impressões".
Reproduzi uma seção do museu e nela acrescentei uma rede, instrumento de transmissão de informações. A rede simboliza a abrangência global da internet, e a forma como os fios se cruzam remete aos dados que igualmente combinam-se para convergir a um ponto ao nosso alcance. Contudo, a rede não é refletida no chão espelhado, o que sugere sua existência "fantasmagórica": sabemos que ela existe, mas não podemos, efetivamente, enxergá-la no ar.
Acrescentei poltronas, inexistentes no espaço real, mas que seriam oportunas, já que proporcionariam maior conforto ao visititante que assistisse ao vídeo exibido na semiesfera. Se sentados, podemos passar um tempo maior e melhor vendo o que nos é proposto. A estampa das poltronas possui uma temática celeste, já que o céu foi (e continua sendo) a inspiração primária dos homens, que sonhavam com conexões ao redor do mundo.
A frase "voa pensamento", gravada na parede, faz alusão às diversas reflexões que um museu suscita em nós. Nesse museu, particularmente, é a tecnologia que nos leva a pensar.
O verbo "voar" exprime a fluidez das telecomunicações e, também, o quão distante o homem pode alcançar.
Um "pensamento que voa", por sua vez, pode ser interpretado como o máximo em eficiência na comunicação, ainda que com todos os claros malefícios. Será que chegaremos até esse estágio?