quinta-feira, 7 de maio de 2009

RESENHA DA EXPOSIÇÃO ARTE CIBERNÉTICA – MUSEU INIMÁ DE PAULA



Este estudo pretende analisar a exposição "Arte Cibernética", que está em cartaz no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte, do dia 16 de abril ao dia 13 de junho de 2009.

A exposição tem curadoria de Júlio Martins e tem como artistas participantes: Regina Silveira, Raquel Kogan, Rejane Cantoni, Daniela Kutschat, Christa Sommerer, Laurent Mignonneau, Camille Utterback, Romy Achituv, Michel Bret, Edmond Couchot, Eder Santos e o coletivo de artistas belgas LAb[au]. Reúne oito obras do acervo de arte e tecnologia do Itaú Cultural.

A obra “Life Writer”, de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau, consiste em uma máquina de escrever que produz seres com aparência insetívora. Trata-se de uma projeção na folha do papel. É o usuário quem dá vida aos seres à medida que datilografa. É possivel, inclusive, esmagar seres já criados.



“Pixflow 2”, do coletivo LAb[au], é uma escultura que, por meio de displays, mostra partículas fluindo em movimentos inesperados. Não há a palpável interação exigida por outras obras, mas o comportamento imprevisível desse artefato é o fator que incita o observar mais atento.



“Descendo a Escada”, de Regina Silveira, resume-se como uma escada virtual que transmite ao público a sensação da descida. Contudo, é o espectador quem deve adequar seus passos à projeção, o que acaba por torná-la menos verossímel e impactante.



“Reflexão #3”, de Raquel Kogan, é composta por vários números projetados na parede e refletidos em um espelho d’água. Os números movem-se com velocidade determinada pelos visitantes. A obra não chega a ser um motivo de pasmo.



“Text Rain”, de Camille Utterback e Romy Achituv, apresenta-se sob a forma de letras que caem como gotas de chuva. As letras interagem com a projeção da silhueta corporal do espectador, em acordo com seus respectivos movimentos. Corpos distintos e suas variadas ações conduzem a resultados artísticos igualmente diversos. Versos de um poema podem ser formados se letras suficientes forem agrupadas ao longo de um contorno. O aspecto arrebatador é incontestável.



“OP_ERA: Sonic Dimension”, de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat, é uma espécie de harpa virtual que pode ser tocada pelo participante. A música, ainda que em timbres menos convencionais, sempre comove, sendo um elemento capaz de despertar o desejo de comprometimento com a obra.



“Memória (Cristaleira)”, de Eder Santos, exibe imagens projetadas e fragmentadas em meio a cristais e porcelanas. A platéia restringe-se à meditação, o que rompe o ritmo da exposição, na qual estímulos devem sempre atuar sobre as obras.



“Les Pissenlits”, de Edmond Couchot e Michel Bret, envolve a dispersão de sementes de dente-de-leão a partir do sopro do observador. Os efeitos finais dependem da intensidade e duração do sopro, o que incentiva o visitante a buscar resultados distintos, prolongando o tempo de interação com a obra.



A exposição foca as expressões artísticas agregadas à tecnologia. A interação com o público é presente na maioria das obras, o que leva a um maior envolvimento dos espectadores, que "criam" sobre as criações alheias. Ao contrário da pura contemplação verificada nos museus tradicionais, a influência recíproca entre visitante e arte é essencial para que o propósito último dessas obras seja alcançado, de onde provém a singularidade das mesmas.

Isadora de Castro Silva, acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

2 comentários:

  1. Parabéns, é isso aí... é a Arte na busca de uma sintonia com a tecnologia.
    Hortêncio Werneck

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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