terça-feira, 31 de março de 2009

Museu das Telecomunicações :: Oi Futuro



Conhecer a história das telecomunicações pode ser algo bem menos enfadonho do que parece, fato comprovado no Espaço Oi Futuro. Os recursos expositivos empregados envolvem o visitante e permitem que ele percorra o museu da maneira que quiser e no tempo que tiver. O conceito de "hipertexto" aplicado no local consiste na reunião de "camadas de informação superpostas em vídeos que se abrem em janelas de imagens e fotografias".

É possível perceber o avanço tecnológico através de experiências sensoriais únicas.
Para comunicar-se mais e melhor, o homem superou barreiras do espaço e do tempo, e, até hoje, surpeendo-me com a capacidade inventiva humana.
Outra pessoa que não conteve seu espanto foi D. Pedro II: ao conhecer a invenção que Graham Bell apresentava na feira da Filadélfia (EUA), o Imperador do Brasil exclamou "Meu Deus, isto fala!".
A invenção não era nada menos que o telefone.



A Linha do Tempo narra a história das comunicações desde as inscrições rupestres até a aldeia global do séc. XXI. Ousadia e criatividade são traços evidenciados nos passos dos homens.



Com o SketchUp, tentei "expressar minhas impressões".
Reproduzi uma seção do museu e nela acrescentei uma rede, instrumento de transmissão de informações. A rede simboliza a abrangência global da internet, e a forma como os fios se cruzam remete aos dados que igualmente combinam-se para convergir a um ponto ao nosso alcance. Contudo, a rede não é refletida no chão espelhado, o que sugere sua existência "fantasmagórica": sabemos que ela existe, mas não podemos, efetivamente, enxergá-la no ar.
Acrescentei poltronas, inexistentes no espaço real, mas que seriam oportunas, já que proporcionariam maior conforto ao visititante que assistisse ao vídeo exibido na semiesfera. Se sentados, podemos passar um tempo maior e melhor vendo o que nos é proposto. A estampa das poltronas possui uma temática celeste, já que o céu foi (e continua sendo) a inspiração primária dos homens, que sonhavam com conexões ao redor do mundo.
A frase "voa pensamento", gravada na parede, faz alusão às diversas reflexões que um museu suscita em nós. Nesse museu, particularmente, é a tecnologia que nos leva a pensar.
O verbo "voar" exprime a fluidez das telecomunicações e, também, o quão distante o homem pode alcançar.
Um "pensamento que voa", por sua vez, pode ser interpretado como o máximo em eficiência na comunicação, ainda que com todos os claros malefícios. Será que chegaremos até esse estágio?




quinta-feira, 26 de março de 2009

Christian Moeller é um arquiteto e artista alemão que elabora suas obras a partir de recursos tecnológicos e midiáticos. A interatividade entre suas criações e espectadores é essencial para que as mesmas tenham todos seus aspectos e proposições expostos.

O site oficial apresenta trabalhos do aritsta. A instalação batizada como Mojo, por exemplo, consiste em um braço robótico que sustenta um holofote rsponsável por iluminar transeuntes nas proximidades. Os alvos desse foco de luz devem, possivelmente, sentir-se como estrelas do teatro (ou criminosos perseguidos). Acredito que as sensações evocadas por essa e todas as demais instalações são diversas, mas todas conduzem a uma percepção mais pormenorizada do espaço.


Mojo

Outra instalação que merece destaque é a denominada The Expanded Chamber: Orchestral Fly, que permite o discernimento do som isolado de um instrumento integrante de uma orquestra. Assim, novas experiências sonoras são viabilizadas.

Christian Moeller será, sem dúvida, importante inspiração para a execução do objeto interativo requisitado em sala de aula.

terça-feira, 24 de março de 2009




Na nossa performance, percorremos a cobertura da passarela que nos conduz até à sala de plástica. Durante o primeiro ensaio, já nos deparamos com um "obstáculo'': uma árvore com seus galhos. Nossa proposta inicial havia sido a de sair de uma extremidade até a outra, no entanto, isso não seria mais possível. Adaptamos a performance de acordo com esse elemento. Elaboramos uma interpretação do espaço apropriado que incorporou a árvore à criação. O que antes era limite, virou liberdade. Hertzberger compara a urdidura de um tecido à estrutura básica de um determinado espaço, e a trama às diversas funções aplicáveis. Analogamente, podemos considerar a locação da performance - cobertura e árvore - como a urdidura e o uso efetivo como a trama.

Hertzberger em relação à estrutura: ''uma forma ampla que, mudando pouco ou nada, é adequada para acomodar situações diferentes porque oferece continuamente novas oportunidades para novos usos.'' O lugar apropriado em nada foi alterado. Contudo, seu uso foi invertido: de cobertura para piso.

sexta-feira, 20 de março de 2009


Ainda trabalhando sobre os mapas, tentei fazer algo a mais com o Photoshop.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Após a elaboração, durante a primeira aula de plástica, de um mapa com o trajeto casa-escola, utilizei o notório Google Maps para fornecer o real caminho.
É evidente que eu não sabia nada a respeito do percurso que faço diariamente.
Como é possivel ver logo abaixo, sobrepus as imagens com o auxílio do Photoshop.

domingo, 8 de março de 2009

Mais do que um passeio

Impossível discorrer sobre arquitetura sem mencionar um dos maiores centros difusores de cultura do mundo: Paris.
Paris abriga uma arquitetura notável e é considerada uma das mais belas cidades do globo, mas nem sempre foi assim. No início do século XIX, as ruas do centro parisiense eram estreitas e repletas de casas amontoadas. A insalubridade desse espaço tornava precária a condição de vida.Dessin D'Adolphe Varin: Paris, 1850

Georges-Eugène Haussmann foi contratado para executar a reforma urbana de Paris ocorrida na segunda metade do século XIX. Para tanto, construções antigas foram demolidas e milhares de pessoas, deslocadas. Assim, surgiu uma majestosa Paris dotada de largas avenidas e imponentes edifícios, ajustada à industrialização recente queaté então não se refletia nas estruturas urbanas. Contudo, a separação entre as áreas pobres e aquelas partes mais abastadas ampliou a periferia. Nessa nova Paris transitória entre o aspecto medieval e a modernidade apresenta-se o flâneur de Baudelaire, um errante que sente a cidade e atribui significações a toda infra-estrutura vislumbrada. Baudelaire também aborda as contradições dessa formação social.

“Era a explosão do ano novo: caos de lama e de neve, atravessado por mil carruagens, resplandecendo de brinquedos e balas, formigando de cupidezas e desesperos, delírio oficial de uma cidade grande, feito para perturbar o cérebro do mais forte solitário.”
(BAUDELAIRE, Charles. Pequenos Poemas em Prosa
[O spleen de Paris] )

Walter Benjamin igualmente exerceu a flânerie e analisou a figura do flâneur em Baudelaire nos anos 1930. Benjamin afirma que, em Paris, é possível apreciar os mais diversos componentes para os devaneios do flâneur, sendo este uma “criação de Paris”.

O vídeo seguinte exibe belasimagens de Fernando Rabelo, um flâneur brasileiro em Paris.


Flâneur: ser que escapa da vida “como um modo de produção serial” e extrapola o trajeto maquinal casa-trabalho, contemplando não somente a paisagem citadina, mas a vida que dela emerge. O passeioimplica na reflexão sobre o que se vê. Cada praça, cada parte do calçamento é observada e interpretada subjetivamente.Esse indivíduo vai até a multidão ao mesmo tempo em que se isola da mesma, assumindo uma posição de espectador. Ele consegue estar só no meio de muitos.

O flâneur contrapõe-se ao modo de vida capitalista que torna o lazer regido pelas mercadorias, pois valoriza uma nova atitude que exige maior meditação acerca do que nosladeia.

Com o passar dos anos, muitos outros foram descontentando-se com a alienação imposta pelo capitalismo. Já na segunda metade do século XX, surgiu a Internacional Situacionista, cujos membros defendiam, entre outras idéias, a modificação da ordem social, a “revolução do cotidiano”. Tal conquista só seria obtida quando se extrapolasse o uso comum da área urbana. Apossar-se de um lugar implicaria em explorá-lo. Daí provém o convite à deriva lançado por Guy Debord. Busca-se conhecer várias localidades ligeiramente, deixando-se levar a esmo.


Deriva: Andar desorientado, livre de destinos, que propicia um novo conceito da cidade, livre das adjetivações previamente atribuídas aos diversos panoramas. Perde-se na cidade para descobri-la, aumentando-se o conhecimento do lugar. Idéias são soltas, despertadas, a partir do desapego a uma orientação fixa. Um novo olhar recai sobre aquilo que rodeia quem deriva. É uma oposição ao turismo administrado.

Nota-se, desse modo, uma insubordinação à passividade com a qual se encara as ruas e ao senso comum de uso dessas localidades. Essa apropriação criativa de um sítio é também verificada no parkour, criado por David Belle, (com a colaboração de seu amigo Sébastien Foucan), na França, na década de 1980.

Parkour: Arte que envolve o uso do corpo para superar qualquer obstáculo do percurso seguido. Os praticantes, denominados Traceur (homens) ou Traceuses (mulheres), devem mover-se do modo mais direto e veloz possível.

Além de ser uma atividade física, o parkour propõe novas maneiras de interação com o espaço circundante. Minúcias da paisagem são analisadas e, mais do que isso, empregadas no deslocamento. Extrapola-se a observação do meio, pois este passa a se configurar como um instrumento. O ambiente é ampliado uma vez que barreiras não mais atuam impedindo a passagem. Assim, noções de limite são desfiguradas.

O parkour prolonga-se a áreas rurais. O progresso dos movimentos é importante no parkour. O aprimoramento da prática é essencial, assim como o foco no que se faz. David Belle afirma que a chave do sucesso no parkour é não perder a concentração. Sobretudo, parkour envolve ajudar as outras pessoas. O treinamento e o conhecimento adquiridos tornam o praticante útil a terceiros, seja em resgates ou na transmissão do que foi aprendido.
Parkour em Viena

Em acordo com o descrito acima, a partir do momento em que se põe os pés fora de casa, é possível dar apenas uma voltinha, ou aprofundar as ideias acerca da humaidade. Um olhar, um andar sem rumo ou um salto: cada contato diferente com o espaço fará com que se sinta a vida, e não apenas se passe por ela.

Referências:
BAUDELARIE, Charles. Pequenos Poemas em Prosa [O spleen de Paris] - São Paulo: Hedra, 2007
MELCHIADES, Danielle. Trilhando diáologos com Baudelaire
CANTINHO, Maria João. Modernidade e alegoria em Walter Benjamin. - Revista de Cultura #29 - São Paulo: 2002
http://www.projetosapiensdemens.blogspot.com
http://www.journal.media-culture.org.au/0607/06-geyh.php
http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp256.asp
http://www.editoraderiva.multiply.com/journal/item/72
http://www.parisinimages.fr